Liderança na Governança do Turismo Regional: Um Estudo de Caso Brasileiro

Flavio Jose Valente

Esta tese examina e compara criticamente duas Organizações Regionais de Turismo (RTOs) (mais conhecidas no Brasil como Instancias de Governança Regionais – IGRs) que adotaram diferentes modelos e princípios de governança turística para cumprir suas funções de liderança dentro de suas respectivas áreas geográficas de responsabilidades e influências. É importante ressaltar que as responsabilidades e influência de cada RTO se sobrepõem em sete municípios do Estado de Minas Gerais, Brasil. Esta situação apresenta uma oportunidade distinta no estudo de RTOs internacionalmente para comparar as capacidades de liderança de RTOs na gestão de uma região compartilhada, ou seja, a região do estudo de caso (CSR) para este estudo. As duas RTOs examinadas foram a “Associação Circuito do Ouro” (ACO) e o “Instituto Estrada Real” (IER). Enquanto o IER adotou um modelo de governança de mercado, a ACO adotou um modelo de governança híbrido (hierárquica e de rede).
Informado por uma abordagem interpretativa e sócio-construcionista, a principal fonte de informação para este estudo são 36 entrevistas aprofundadas e semi-estruturadas com atores dos destinos regionais dentro dos sete municípios da CSR, onde os papéis de liderança e as responsabilidades das duas RTOs se sobrepõem. As duas RTOs operaram em contextos políticos, históricos e socioeconômicos complexos, o que apresentou a cada uma delas desafios e oportunidades de liderança.
Este estudo identifica vários desafios e oportunidades que ambas as RTOs estavam enfrentando. Ambas RTOs foram desafiadas a desenvolver quatro capacidades para liderar o CSR; a saber, as capacidades para: produzir resultados; mobilizar atores regionais; articular e comunicar objetivos e ações; e articular papéis e responsabilidades. As duas primeiras capacidades estão ligadas à liderança transformacional e são consideradas como associadas a um desempenho superior por parte do IER (governança de mercado). As duas últimas capacidades estão ligadas a uma liderança distribuída e estão associadas a um desempenho superior por parte da ACO (governança híbrida).
A tese também revela que princípios-chave da governança, tais como participação, eficiência, legitimidade, responsabilidade, eficácia e transparência, têm influências diferentes sobre a capacidade de cada RTO de liderar. Estes princípios de governança ocorreram em vários graus em cada RTO, com cada um demonstrando um nível diferente de comprometimento com alguns dos princípios e cada um tendo um bom desempenho em alguns princípios e mau desempenho em outros ao longo do tempo.
Esta tese contribui significativamente para os estudos turísticos e para os estudos de RTOs e suas respectivas lideranças. Ela vincula com sucesso estudos de governança de destinos, liderança e RTOs, apresenta uma estrutura conceitual de liderança para pesquisa de destinos regionais e mostra como desafios, oportunidades e capacidades em relação às RTOs poderiam ser identificados e informados por teorias de liderança. O estudo também demonstra o impacto dos modelos e princípios de governança sobre as práticas de liderança em RTOs.

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